Os especialistas derrubam alguns dos mitos mais difundidos sobre a reciclagem e dão dicas básicas para quem quer começar a separar o lixo.
Na hora de construir ou reformar um imóvel, não é preciso lançar mão de ideias mirabolantes para evitar o impacto ambiental. Escolhas simples e pequenas ações podem fazer toda a diferença e contribuir significativamente para a preservação do meio ambiente.
E quando falamos em construção sustentável, não nos referimos apenas aos grandes empreendimentos. Segundo especialistas ouvidos pelo R7, qualquer um pode ter uma casa sustentável. E melhor, sem grandes investimentos. Trocar o vaso sanitário comum por um com acionamento duplo (que utiliza menos água para resíduos líquidos e mais para sólidos), por exemplo, pode significar uma economia de até 36 litros de água por dia em uma casa com três pessoas.
Substituir o ar condicionado por ventilador, consertar vazamentos, comprar eletrodomésticos com o selo A do procel (que gastam menos energia) e evitar desperdícios durante uma obra também são atitudes simples que fazem a diferença no bolso e no meio ambiente.
Segundo Vanderley John, professor associado da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo) e membro do CBCS (Conselho Brasileiro de Construção Sustentável), sustentabilidade é tudo o que é viável.
- Quando falamos em sustentabilidade, devemos levar em conta os lados econômico, social e ambiental. Temos de buscar solução que englobe esse tripé.
Para John, a primeira alternativa a ser considerada é a reforma.
- Mais sustentável do que construir casa nova é reformar a antiga. Preserva aquilo que está bom, não gera muito resíduo e custa menos. O passo seguinte é respeitar a legalidade.
Para o professor da USP, “a informalidade de fornecedores nessa área da construção civil é o grande problema da sustentabilidade. Exigir nota fiscal é a garantia de que a empresa cumpre com suas obrigações, paga impostos e respeita o meio ambiente”.
Outro problema citado por John é a desinformação.
- Ainda há aquele mito de que para ser sustentável é preciso ser exótico. Muito melhor do que usar tinta à base de água ou tijolos artesanais é não gerar muito entulho, comprar material com nota fiscal e evitar o desperdício.
Esse conceito de construção sustentável foi discutido no 3º Simpósio Brasileiro de Construção Sustentável, evento realizado na semana passada pelo CBCS (Conselho Brasileiro de Construção Sustentável), e que contou com a participação de engenheiros, construtoras e especialistas em meio ambiente.
O evento abordou questões sobre a sustentabilidade nos negócios relacionados à construção, além de temas específicos como eficiência energética, gerenciamento de recursos, uso racional de materiais, resistência e vida útil de matérias-primas, pesquisa de materiais alternativos, avaliação e redução de impacto ambiental nas obras, inovações tecnológicas e utilização de recursos naturais na iluminação, aquecimento e ventilação de ambientes.
Para o engenheiro Marcelo Vespoli Takaoka, presidente do CBCS, esse tipo de encontro “é muito importante para apresentar oportunidades que existem dentro da área da construção civil para reduzir os custos no futuro”.
Economia de longo prazo
O preço elevado de alguns materiais ecologicamente corretos ainda é um entrave na hora de construir. Mas o que os especialistas querem mostrar é que, a longo prazo, a economia gerada compensa o investimento, diz Takaoka.
- Para as construtoras, é importante saber que vale a pena investir 5% ou 6% a mais nos projetos para reduzir os futuros gastos com condomínio no futuro, por exemplo. Isso melhora a imagem das empresas e atrai clientes.
O mesmo se aplica ao consumidor final, aquele que pretende construir ou reformar a sua própria residência. Para John, é preciso ficar atento porque, muitas vezes, o barato sai caro.
- Comprar material inferior visando apenas a economia imediata pode causar prejuízos enormes no futuro. Alguém vai pagar essa conta lá na frente.
E é bom ficar atento aos chamados selos verdes. Nem sempre eles são confiáveis. De acordo com John, “infelizmente, existem até selos à venda. Por isso, é importante checar quais as suas regras públicas”.
Outro alerta é quanto aos chamados materiais verdes, como as tintas à base de água, tijolos artesanais e tubulações ecológicas.
- Tudo o que é “verde” vende bem. Mas se a tinta fosse à base de água, na primeira chuva ela escorreria pelas paredes. Já vi tubulações que não resistem aos materiais alcalinos e tijolos que se quebram com a maior facilidade.
Por isso, esqueça técnicas mirabolantes. Melhor do que uma casa com aparência exótica é perceber a economia nas contas no final do mês e saber que está fazendo a sua parte na preservação do planeta.
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