O futuro de África passa pela aposta no
crescimento verde, um novo conceito de desenvolvimento baseado no uso
sustentável dos recursos, defende o economista Jon Strand, que aponta a
fragilidade dos governos como principal obstáculo ao arraque deste
processo.
O economista do Banco Mundial, que falava à agência Lusa à margem de um seminário no âmbito da reunião anual do Banco Africano de Desenvolvimento, em Lisboa, explicou que o conceito de crescimento verde tem um âmbito mais vasto que o de desenvolvimento sustentável e no futuro será mais importante para África.
"O crescimento sustentável baseia-se na ideia de que a extração de recursos naturais tem que ser compensada por capital físico, enquanto o crescimento verde não pode ser sustentado numa lógica de extração de recursos, tem de ser baseado no uso sustentável dos recursos acompanhado pelo investimento no capital humano e em capitais físicos. É um conjunto alargado de investimentos para fazer avançar a economia", disse Jon Strand.
O economista, que integra a equipa de investigação do Ambiente e Energia do Banco Mundial, destacou a importância, neste contexto, do potencial agrícola do continente africano.
"África tem um conjunto de boas vantagens comparativas em muitos sectores, particularmente na agricultura. África tem muito boas perspetivas para a exportação de produtos agrícolas. Penso que esta poderá ser a chave para o crescimento verde em África", disse.
Sublinhando a urgência de os países aderirem a este novo conceito de desenvolvimento, Jon Strand apontou as fragilidades da governação em África como um dos obstáculos a este processo.
"Muitos países em África tem estruturas de governação muito frágeis e é aqui que temos que ajudar. O Banco Mundial e outros têm que tentar normalizar as estruturas de governo, evitar corrupção, desperdício de recursos e projetos muito caros que não são ecológicos", sustentou.
Reconhecendo que esta é uma
tarefa "enorme", mas "vital", Jon Strand defendeu que "é preciso começar
já para completar o trabalho tão cedo quando possível".
Jon Strand mostrou-se ainda esperançado de que a população, a quem faltam serviços básicos, consiga dar um impulso aos governos para avançarem nesse sentido.
Jon Strand mostrou-se ainda esperançado de que a população, a quem faltam serviços básicos, consiga dar um impulso aos governos para avançarem nesse sentido.
"É um projeto que tem que
passar pela cooperação entre as populações e as organizações
internacionais para iniciar o processo de conseguir um muito melhor
desenvolvimento do que temos atualmente".
O seminário sobre crescimento verde em África reuniu especialistas e empresários das áreas do ambiente, crescimento sustentável e energia, no hotel Ritz em Lisboa.
Fonte: AngolaPress.
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