quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Para onde vai o lixo?

Saiba o que acontece com o lixo produzido em São Paulo, que não possui mais aterro próprio


Você pode não saber, mas a maior cidade do país não tem onde depositar o lixo doméstico e comercial de seus mais de 10 milhões de moradores. A metrópole está sem aterro próprio desde novembro de 2009. Atualmente, a prefeitura se vale de dois depósitos privados, nos municípios de Guarulhos e Caieiras, para descartar 12 mil toneladas diárias, a um gasto mensal de R$ 6,6 milhões aos cofres públicos.

O último aterro em funcionamento, o São João, localizado em São Mateus, zona leste da capital, possui uma montanha de 28 milhões de toneladas acumuladas ao longo de seus 17 anos de funcionamento. Sua manutenção pelos próximos 20 anos inclui a queima de gás metano (hoje são 18 mil Nm³ por hora), iniciativa que gera créditos de carbono para a prefeitura e para a Biogás Energia Ambiental, e ainda o transporte diário de quase 6 mil toneladas de chorume para tratamento na Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).

Em meados de julho, começaram as obras para o novo aterro sanitário paulistano, a Central de Tratamento de Resíduos Leste (CTL). O projeto está sob o comando da Ecourbis Ambiental, uma das responsáveis pela coleta de lixo e destinação dos resíduos na capital (leia o item Coleta, acima à dir.). O empreendimento funcionará dentro de uma área de mata Atlântica, perto do saturado São João

LIXO
Atualmente, nos grandes centros urbanos, a geração de resíduos sólidos cresce mais do que a população. Cada paulistano produz 351,41 kg de lixo por ano, em média. Traduzindo: quem viver até os 70 anos terá descartado 25 toneladas de detritos. Número que poderia diminuir drasticamente se, das 18 mil toneladas recolhidas por dia, os 35% de materiais recicláveis realmente passassem por esse processo (hoje, menos de 1% é de fato reciclado). A negligência custa caro: em São Paulo, a despesa anual com limpeza urbana ultrapassa R$ 760 milhões.

COLETA
Na capital, 100% desse serviço é terceirizado. Em 2004, duas empresas venceram a concorrência pública que assegurou a concessão por 20 anos, no valor de R$ 9,8 bilhões. A Ecourbis é responsável por atender 1,6 milhão de domicílios da região sudeste, formada por 18 subprefeituras. Já a Loga atende a região noroeste da cidade, com 13 subprefeituras e 1,4 milhão de domicílios.

TRANSBORDOS
São pontos de destinação intermediários criados em função da distância entre a área de coleta e o aterro sanitário. É onde fica o lixo descarregado dos caminhões compactadores e que depois segue adiante. Hoje há três Estações de Transbordo na cidade de São Paulo.

LIXÕES
Locais onde os resíduos sólidos são despejados diretamente no solo, sem medidas de proteção ao meio ambiente ou à saúde pública. Acarretam problemas como a proliferação de vetores de doenças (moscas, mosquitos, baratas e ratos) e a poluição do solo, de rios e lençóis freáticos através do chorume (líquido produzido pela decomposição da matéria orgânica contida no lixo).

ATERROS SANITÁRIOS OU CONTROLADOS
Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), um aterro sanitário é caracterizado pela disposição de resíduos sólidos urbanos no solo sem causar danos ou riscos à saúde pública, minimizando os impactos ambientais. Utilizam-se técnicas para confinar os resíduos e cobri-los com terra, camada por camada. Esses locais produzem biogás e chorume por até 20 anos, necessitando de constante manutenção.

INCINERADORES

Reduzem o volume de resíduos e destroem micro-organismos encontrados principalmente no lixo hospitalar e industrial. Depois da queima, o material restante pode ser encaminhado para aterros sanitários ou reciclado. A incineração é uma boa alternativa, desde que dentro de um programa de cogeração de energia.

CATADORES

Nas ruas de São Paulo existem mais de 25 mil catadores de lixo reciclável

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